28 de junho de 2010

Recomendações médicas sobre o consumo de sal ficam ainda mais rigorosas!



A nova medida tem por objetivo o controle de um dos mais comuns e perigosos males
da modernidade: a HIPERTENSÃO


O sal é o mineral com o maior número de funções no organismo. "Sem ele, não haveria apetite para boa parte dos alimentos, o processo de digestão seria incompleto e o sangue extravasaria pelas paredes dos vasos", diz Renato Sabbatini, neurofisiologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Para que todos esses mecanismos ocorram à perfeição, basta 1,2 grama diário de sal.

É muito pouco sal, no entanto, para o paladar que desenvolvemos na sociedade industrial. Por isso, o limite aceitável nas cartilhas médicas foi elevado para até 6 gramas diários. "Trata-se de uma quantidade compatível com o gosto e tolerável à saúde", explica Décio Mion, nefrologista do Hospital das Clínicas, em São Paulo. O problema é que a maioria das pessoas tem o hábito de consumir muito mais do que 6 gramas. Não importa a cultura ou a classe social, abusa-se do saleiro. Em média, a ingestão mundial de sal per capita é de 10 gramas diários. Os brasileiros, em particular, ingerem inacreditáveis 12 gramas ao dia.

As recomendações médicas devem ficar ainda mais restritas, com a entrada em vigor das novas diretrizes das sociedades brasileiras de cardiologia, nefrologia e hipertensão. Elas passarão a preconizar o consumo de, no máximo, 5 gramas de sal por dia – o mesmo limite sugerido pela Organização Mundial de Saúde em 2005. A diferença de 1 grama entre a cartilha de 2006 e a de agora pode parecer irrisória. Mas tem uma repercussão enorme na saúde. Um estudo publicado em fevereiro passado, na revista científica americana The New England Journal of Medicine, determinou o impacto de tal redução. Passar a consumir 5 gramas de sal todos os dias, em vez de 6, evita 10% das mortes por doenças cardiovasculares, sobretudo infarto e derrame. O que representa, em termos globais, em torno de 1 milhão de vidas salvas anualmente. "Os benefícios aumentam proporcionalmente à quantidade reduzida", diz o cardiologista Marcus Bolívar Malachias, presidente do departamento de hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).



Mas sódio também é o problema!

O agente pernicioso do sal é o sódio. Para cada grama do mineral, há 400 miligramas de sódio – os 60% restantes são de cloro, um composto praticamente inócuo. Cerca de 70% do sal consumido atualmente provém dos produtos industrializados. É o chamado "sal invisível". Os rótulos de tais produtos não informam a quantidade de sal, e sim a de sódio. Além disso, não se faz a discriminação entre o volume de sódio contido naturalmente no alimento e o acrescentado pela indústria. O sódio é utilizado em abundância sobretudo para a conservação dos produtos. "Como ele tem um grande poder de absorção, desidrata facilmente fungos e bactérias que poderiam estragar os alimentos", diz a nutricionista Maria Cecilia Corsi, da consultoria em nutrição Essencial Light. Quanto maior o prazo de validade de um produto, maior é a quantidade de sal utilizada no seu preparo. Há ainda outro dado. "O sal camufla o gosto dos ingredientes que deram origem ao produto", diz o nutrólogo Daniel Magnoni, do Hospital do Coração. Ou seja, quanto maior a quantidade de sal, menor será a qualidade das matérias-primas empregadas na fabricação do alimento e, consequentemente, menor será o seu preço. Pode fazer o teste. Escolha duas marcas de molho de tomate. Uma com um prazo de validade maior do que o da outra. O gosto do tomate estará mais ressaltado no molho mais caro e com prazo de validade mais curto.

O consumo de sal é um hábito que remonta à Antiguidade. Na verdade, o mineral era tão precioso que funcionava como moeda. Em latim, a palavra "salário" significa "ração de sal" ou "pagamento com sal". No século XVIII, o lugar à mesa nos banquetes era indicado em relação à posição do saleiro. Quanto mais próximo dele, maior a importância do convidado. Atualmente, quanto mais distante do saleiro, mais consciente – e refinado – é o comensal.

Sempre preocupados com a sua saúde mais uma informação de utilidade publica!

Fonte: REVISTA VEJA edição 2167 de 02 de junho de 2010.

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