4 de novembro de 2011

Relógio biológico influencia efeito dos medicamentos

 

Há doenças e sintomas que parecem marcar hora para aparecer. E, para tratá-los, também é preciso seguir o relógio, segundo a cronofarmacologia (ramo da ciência que estuda como doenças e tratamentos são influenciados pelos ritmos biológicos).

         Nos últimos 20 anos, a cronofarmacologia mudou a prescrição de alguns remédios, diz o neurologista John Fontenele Araujo, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

         “A asma é o exemplo mais clássico. Sabemos hoje que as piores crises são à noite, e que o paciente deve se medicar antes de dormir.”

         Há outros remédios que já são prescritos levando em conta o relógio biológico, como as drogas anticolesterol (usadas mais à noite) e remédios para artrite e artrose, que também devem ser tomados antes de dormir.

        Segundo o pneumologista José Manoel Jansen da Silva, um dos autores do livro “Medicina da Noite”, a atenção aos horários pode aumentar a eficácia das drogas e diminuir os efeitos colaterais.

        “A ação de um medicamento deve acontecer quando o corpo mais precisa”, diz.

Pressão arterial

         É pela manhã que acontece o maior número de infartos e derrames.

         Isso porque a pressão arterial sofre uma alteração antes do despertar, causada pelo aumento na secreção de dois hormônios: o cortisol (“hormônio do estresse”) e a adrenalina.

         Muitas pessoas tomam remédio para controlar pressão alta pela manhã. Mas uma pesquisa canadense, que será publicada no dia 17 no “Journal of the American College of Cardiology”, diz que o indicado é que o remédio seja tomado antes de dormir.

         Segundo os pesquisadores, da Universidade de Guelph, o remédio será mais eficaz durante o sono, inclusive contra insuficiência cardíaca. O experimento foi feito em ratos, com a droga captopril.

         Segundo Regina Pekelmann Markus, biomédica e coordenadora do laboratório de cronofarmacologia da USP, o artigo confirma uma tendência.

         “Na Espanha, há médicos que já mudaram a prescrição de remédios de hipertensão. A mudança é para proteger o paciente no pico de pressão pela manhã.”

         De acordo com o cardiologista Marcus Bolívar Malachias, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o estudo mostra a importância do controle da pressão durante a noite, mas, no caso de drogas com ação de 24 horas, não é preciso mudar a prescrição.

         “Os remédios usados uma vez ao dia devem ser tomados pela manhã, a não ser quando o paciente não responde ao tratamento normal.”

Crises

          Há pesquisas que relacionam depressão e ritmos biológicos, segundo o neurologista John Araujo. Mas é errado falar que a doença tem um horário para aparecer.

          “Muitas pessoas têm crises pela manhã, mas é impossível falar em uma regra. A hora de tomar o remédio depende do caso”, diz Fernando Fernandes, do HC.

Fonte:  folha.com

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